O Componente 4, da Rede Cegonha, é composto de duas frentes: o puerpério e atenção integral à saúde da criança. Apesar de estarem juntos, abordaremos em separado, pois cada um merece uma atenção especial.
Quando nasce uma criança, nasce também uma mãe. Uma mãe que precisa também de atenção integral porém, é esquecida, muitas vezes por ela mesma.
Os primeiros dias após o nascimento são uma mistura de muitas emoções. É tudo novidade e o fato de estar no hospital ainda não traduz a realidade do que é então a maternidade. O período de internamento, as 48 horas após o parto, é um primeiro momento que a mãe precisa aproveitar para descansar e formar ou continuar a formar sua rede de apoio, antes gestante, agora mãe.
Quando a mãe chega em casa, com seu filho nos braços, é que a realidade da maternidade começa.

Importante lembrar que a mulher, até antes do bebê nascer, só imagina como será. Há expectativas. Há busca de conhecimento. Há a curiosidade. Por isso é que se faz necessária atenção redobrada ao cuidado da mulher após o parto.
Agora tudo mudou. Há mais um serzinho na família que precisa de muito amor e carinho – principalmente da mãe. Uma das justificativas para esta dependência é a teoria da exterogestação – a continuidade da gestação agora ocorre fora do ventre materno, pelos próximos três meses, com objetivo de ser uma transição lenta do bebê para a vida extra-uterina (teoria do antropólogo Ashley Montagu e disseminada pelo médico pediatra Harvey Karp).
Se acostumar com a nova rotina, amamentação, cuidados, falta de sono, choros, cólicas, visitas, família, marido/companheiro, pode fazer com que a mulher se esqueça e destine todas as suas energias para cuidar do próximo.
Por isso que a mãe mais precisa de apoio (mesmo ela acreditando que não – e acredite: ela vai pensar assim!).
É que o “Mágico Mundo da Gravidez” é cutucado pela “Maternidade Real”, principalmente para as mães de primeira viagem. Não se pode negar uma romantização excessiva da maternidade.
Passou a existir cobranças realizadas (ainda que indiretamente) pela sociedade que acabam por criar a necessidade de uma mãe guerreira, que dá conta de tudo sozinha, porém que se esquece dela em um momento em que precisa de compreensão e muito apoio do marido/companheiro e família.

A mãe precisa de acolhimento, abraço e não julgamento. Uma rede de apoio capaz de garantir-lhe segurança. Seria perfeito se esta fosse a realidade de todas as mulheres recém mães.
Daí a importância do seu cuidado com alimentação, sono, saúde, os pessoais (sim, tomar banho, ir no salão, se arrumar, se sentir muito além de fonte de alimentação) além da prática de atividades físicas após liberação médica.

A Rede Cegonha, ciente de toda esta nova situação e pensando no bem estar da mãe, determinou a necessidade de acompanhamento da puerpérea (nome dado a mulher que acabou de dar a luz – até aproximadamente os próximos 40 dias ou seis semanas) com visita domiciliar na primeira semana após o parto.
Todo este cuidado se faz necessário porque no puerpério o corpo da mulher estará se recuperando de todas as mudanças que ocorreram na gestação e parto, além de iniciar outra mudança, a produção de leite. Mas não apenas isso. As mudanças são diárias ao passo que o bebê cresce as exigências também mudam.
Apesar da Rede Cegonha ter se limitado ao período inicial do puerpério, o cuidado com a mulher/mãe/esposa/companheira/trabalhadora não pode se limitar a ele. Ele precisa ser contínuo, a iniciar pela própria mulher: o autocuidado é essencial. É preciso lembrar a mãe que ela também é mulher.
Por fim, é importante também o cuidado do pai/companheiro.

Para o pai a paternidade começa mesmo quando se sai da maternidade. Ele pode até ter uma participação muito ativa da gestação, acompanhando as consultas, na escolha dos itens do bebê, entre outras, mas ainda é uma participação passiva. Hoje, da mesma forma que há uma cobrança diferenciada da mãe, a sociedade também cobra hoje um papel diferente do pai.
Novamente, cobranças, cobranças e cobranças…. e, com elas, os dilemas existenciais que acabam por interferir e muito na vida do casal. Por isso a importância de entender o momento da mãe, do pai, da família que agora cresceu. Uma rede de apoio é essencial para manter o casal seguro para este novo papel a ser desenvolvido: o de serem pais.
Afinal, só se aprende a ser mãe e pai sendo mãe e pai.
Amadores de um processo lindo que é a criação de um filho.
OBSERVAÇÃO: O presente texto é exclusivamente para esclarecimento quanto ao assunto. Não substitui o parecer técnico de um advogado que analisará o caso em concreto nem retira a necessidade de consulta jurídica específica para análise do caso. Na dúvida, procure um advogado.
2 comentários em “Rede Cegonha parte 4 – O puerpério e a importância do cuidado da mulher após o parto”